SP no celular: 14 km de imagens
28/08/12 10:52Asfalto, cimento, cinza, automóveis e um pouco de verde: assim é o pedacinho da cidade que vejo, pela lente de um celular com supercâmera fotográfica, a partir de um dos viadutos que passam sobre a avenida Paulo 6º (para mim, é tudo Sumaré, mas fica o registro do nome correto desse trechinho, a bem da precisão factual).
Por ali comecei um treino que me levou por avenidas e parques da cidade, querendo tirar do cinza imagens que colorissem meus quilômetros, como este recado pichado perto de um ponto de ônibus na avenida Brasil.
Abaixo, reflexos da rua no prédio envidraçado. Há que ache brega esse tipo de foto, mas eu gosto, como você terá oportunidade de comprovar.
Sigo pela avenida em direção ao parque Ibirapuera. Pelo caminho, descubro um tapume violado…
…e vou fuçar o que a parede escondia.
Pedaços de construção….
…e lixo eleitoral deixado pelo chão.
No parque Ibirapuera, gentes e bichos em pedaços,…
pichação…
…cores pré-primaveris…
…e restos de amor ou sexo pago, roubado.
De volta ao trânsito, …
…enfim chego à avenida Paulista, com suas artes…
…e seus reflexos.
Termino com a foto que foi sem nunca ter sido. Lá no fundo, do lado esquerdo, você vê um pedaço de operário uniformizado em negro, de botinas pretas e capacete cor de chumbo. Eram dois, ambos vestidos em preto e cinza, ambos de cabeça baixa, os capacetes voltados para a calçada, os rostos mirando o chão, as mãos, o maço de cigarro, sei lá.
Deu vontade de parar e registrar a cena, mas fiquei com vergonha. Na passada seguinte, resolvi roubar a foto, mirei enquanto corria e, quando apertei o botão virtual, já tinha passado da dupla e um corredor passava por mim. Não ficou nada do que quer queria ou imaginava, mas resume a travessia urbana. No total, foram 14 km em que negociei com dores, caminhei, corri e disse para São Paulo: Estou aqui.
As imagens acima foram produzidas no meu primeiro passeio com um celular que recém começa a ser vendido no Brasil e que eu estou testando. Daqui a alguns dias, publico uma avaliação do aparelho
“e restos de amor ou sexo pago, roubado.”? Sexo roubado? Você sabe que isso tem nome, né? É estupro.
E não entendo esse olhar condescendente para a possibilidade de ter havido um estupro no meio do parque.
Belas fotos. Fiquei curioso, estou “precisando”/querendo trocar meu celular de 3 anos atras. Já sei quais não é…
Seja bem vinda a São Paulo.
Adorei as fotos!