Ave, Félix, a torcida te saúda
24/08/12 13:35Guri, acompanhei com gritos de alegria, choro de emoção e paixão adolescente cada jogo da seleção brasileira na sua caminhada para a conquista do tricampeonato no México, em 1970.
Ao longo dos anos, fui sofrendo com as dores que se abatiam sobre o time –e, por extensão, sobre todos nós, a torcida que sonhava com os passes, os lances, os gols daquela equipe.
Acompanhei a luta de Tostão contra o problema nos seus olhos, chorei com o acidente que levou Everaldo, lateral esquerdo que representou o Grêmio e o Rio Grande do Sul nos gramados do México.
Agora morre Félix, goleiro que não era infalível, como nenhum é, mas que defendeu com brio, garra e competência a meta brasileira.
Disse o cronista que “desgraçado é o goleiro, até onde ele pisa não nasce grama”. Também seus grandes momentos, talvez por serem doloridos, não ficam na memória da torcida –pelo menos, não na memória deste torcedor.
Mas o goleiro lembra de seus defesas, e Félix tinha como um de seus lances mais gloriosos o golpe quase de susto com que defendeu, no jogo do Brasil contra a Inglaterra, uma cabeçada que seria mortífera.
Deu o golpe na redonda e caiu com o corpo sobre ela, protegendo a gorduchinha, enquanto o cabeceador britânico, Lee, se projetava em sua direção, perna esquerda à frente, que acabou atingindo a cabeça do arqueiro (esse era outro dos nomes que se dava ao goleiro, também chamado por alguns de guarda-valas).
Félix ficou por instantes fora do ar, mas a bola nunca escapou de seu controle, como você pode ver neste clipe daquele jogo maravilhoso, AQUI. Mais tarde, Tostão entrou pelo lado esquerdo da grande área, driblou dois, passou a Pelé, que entregou a Jairzinho, que venceu Banks com um tirambaço.
Félix Miéle Venerando defendeu 47 vezes a seleção brasileira. Morreu aos 74 anos, vítima de uma doença pulmonar obstrutiva crônica agravada por pneumonia.
Salve, Félix, a torcida te saúda.