Beleza e dureza marcam as melhores provas do fim de semana
20/08/12 12:32Fiz meu treino longo na manhã de sábado, então pude aproveitar o domingão para dormir mais um pouco. Acordei assustado, pensando estar atrasado para o trabaçlho, mas era dia de descanso e, para melhorar as coisas, ainda conseguir ver os últimos minutos da disputa pelo título masculino na Meia Maratona Internacional do Rio de Janeiro.
Que chegada!
Foi sensacional ver o esforço de Mark Korir, recordista da prova, para não deixar que seu rival Wilson Erupe Loyanae escapasse. Conforme o corte que o eidtor de imagens dava à cena, Korir parecia estar à frente; logo em seguida, Loyanae dominava. Faltavam 400 metros para a chegada quando ele disse: Fui! e se mandou. Korir tentou dar o troco e parecia que conseguiria recuperar a frente, mas só parecia: nos últimos metros, abdicou da disputa, entregue enfim ao adversário, que por pouco não abocanhou também o recorde. Loyanae terminou em 1h01min46; Korir, dois segundos depois (foto Divulgação).
O primeiro brasileiro só apareceu quase um minuto e meio mais tarde. O campeão da maratona do Pan de Guadalajara, Solonei Rocha da Silva, fez sua estreia no Rio conseguindo seu melhor tempo na distância. “Minha característica é para provas longas. Todas as outras distâncias eu corro servem para melhorar o condicionamento. Vim para o Rio com esse objetivo de seguir com minha preparação para a Maratona de Nova York”, disse ele.
O campeão também se prepara para uma maratona, a de Berlim. E espera ter uma chance de se sair bem por lá. Além da vitória no Rio, leva no currículo o título da maratona de Seul, onde fez 2h05min37.
Não vi a chegada da prova feminina, mas foi um passeio da queniana Paskalia Chepkorir, que correu sozinha e chegou sozinha. Completou em 1h07min17, detonando o recorde anterior em mais de três minutos.
A primeira brasileira chegou muito depois, mais de oito minutos mais tarde, o que dá uma diferença superior a dois quilômetros. Ou seja, se Cruz Nonata parasse no mesmo instante em que Chepkorir cruzava a linha de chegada, a brasileira não estaria nem na marca do km 19. “Não deu para andar na mesma passada que as queniana. Sabia que não daria mais para pensar em vitória, então o jeito era mesmo ficar entre as cinco primeiras. Fico feliz pelo resultado”, disse Nonata.
A meia do Rio é belíssima, mas também muito dura, especialmente por causa do calor. A largada é muito tarde para o clima carioca, o que acaba prejudicando muito os cerca de 19 mil participantes do evento —a maioria não tinha nem chegado à metade do percurso quando o vencedor cruzou a linha…
Mas tem gente que gosta, como há quem goste das dificuldades extremas oferecidas pelo percurso da K42 de Bombinhas, em Santa Catraina, também realizada neste final de semana.
Eu corri a primeira edição dessa prova maravilhosa e também traicoeira, extenuante e perigosa (muita gente sai de lá ralada por tombos em pedras ou nas trilhas) e não volto mais.
Já Giliard Pinheiro parece não se cansar de voltar ao mesmo percurso. Neste ano, conquistou sua quarta vitória no que os organizadores gostam de chamar de a maratona mais difícil do Brasil.
Não sei se esse título é justo, pois não dá para comparar uma corrida em trilhas e montanhas com as tradicionais provas de asfalto. Entre estas, as maratonas no asfalto, eu diria que a mais difícil do Brasil é a Maurício de Nassau, em Recife, por causa da temperatura extrema, seguida pela de Curitiba, que combina clima adverso e percurso cheio de subidas e descidas.
Provas de trilha, não corri o suficiente para fazer comparação. A de Bombinhas, no litoral de Santa Catarina, sem dúvida é uma pedreira. Mas me dizem que a prova de Búzios também é muito difícil. De qualquer forma, Bombinhas é linda e duríssima, como atesta o tempo do vencedor: 3h09min42 (quando eu fiz, levei mais do que o dobro desse tempo para completar. A campeã entre as mulheres foi a argentina Adriana Vargas, com 4h09min04.
Rodolfo: concordo que não dá para comparar corridas de aventura, em trilhas e percursos acidentados, com as provas realizadas nas ruas, sejam estas pavimentadas ou não. Quanto à “maratona mais difícil do Brasil” te pergunto se não seria a de Teresina, no lugar da prova Mauricio de Nassau, no Recife. Pelo que tive oportunidade de ler (não conheço, a miúdo, nenhuma das duas), Terezinha seria uma maratona em condições extremamente adversas, especialmente pelo calor – talvez pior do que o da capital pernambucana.
De fato, aí é parada dura. Teresina também é um dos locais mais quentes do país. Nas duas, o pior é o clima adverso, pois tenho a impressão de que o percurso é razoavelmente tranquilo em ambas