"Fechou-se a porta de meu sonho", diz Paula Radcliffe
29/07/12 14:02A Associação Olímpica Britânica e a Federação de Atletismo do Reino Unido acabam de confirmar o corte da recordista mundial da maratona, Paula Radcliffe, que não vai competir nos Jogos em sua pátria.
Longo texto publicado no site da federação diz que ela foi cortada por razões médicas depois de não passar em um teste realizado neste domingo. “Foi constatado que ela não poderia correr competitivamente”, diz o texto, que também afirma que a trajetória da atleta não pode ser medida apenas pelos ciclos olímpicos: “Sem dúvida, ela é uma das maiores corredoras de longa distância de toda a história”.
A nota traz também longas e tristes declarações de Paula Radcliffe. Sem mais comentários, vamos ao que ela diz:
“Desde o dia em que Londres foi anunciada como a sede destes Jogos Olímpicos, participar desta Olimpíada e ter um bom desempenho na maratona foi um dos grandes objetivos de minha vida. Uma quinta Olimpíada na sua pátria, qual objetivo melhor? Era a chance de me resgatar dos amargos desapontamentos das duas últimas Olimpíadas. [esse objetivo] me fez continuar lutando, motivada e focada, em meio a tempos muito difíceis. É por isso que dói tanto ter de finalmente admitir que não vai ser possível. Meu esporte é muito bacana, dá muito prazer e alegria, me ajuda a ser uma pessoa melhor, e eu sou muito afortunada por ter podido experimentar muito sucesso, tenho muitas memórias felizes. O lado ruim, porém, é que ele pode partir seu coração e seu espírito quando seu corpo simplesmente não consegue realizar o que seu coração e seu cérebro querem que ele faça. Infelizmente, minha profissão não é uma carreira nem um hobby em que a mente possa vencer sobre a matéria quando seu corpo está machucado. Dar menos do que o seu melhor, a cada dia, também não funciona.”
Paula continua: “Meu comprometimento foi total na preparação, fiquei dois meses distante das três pessoas (marido e filhos) que mais amo na vida. Mas todos os atletas profissionais têm esse grau de compromisso, dão tudo na sua preparação, e infelizmente não sou a única a ter o coração partido na tentativa de atingir o seu objetivo. O mais importante é, como eu sempre digo, saber que fiz tudo o que podia na busca desse sonho. É duro perceber que, se a Olimpíada tivesse começado seis semanas atrás, eu poderia ter corrido com confiança, sabendo que estava na melhor forma possível nos tempos recentes, mas com certeza não sou a primeira a viver algo como isso. Ninguém nos diz com antecedência qual é o limite de nosso corpo; forçar esse limite é a única maneira que temos para alcançar nosso objetivos mais elevados, nosso sonhos.”
Ela segue dizendo que fez tudo o que podia. “Não importa quão duro seja ter de hoje fechar a porta para esse sonho, pelo menos eu sei que tentei absolutamente tudo. Nem um dia se passou sem que fizéssemos testes, tratamentos ou exames que pudessem ajudar. Treinei outras modalidades o mais duro que podia, sempre que não me foi possível correr, para manter minha forma e minhas chances se a dor fosse embora. Agora, porém, é a hora de aceitar que não vou ficar boa a tempo. Apesar de estar desesperada para fazer parte da fantástica experiência da Olimpíada em Londres, não quer participar fazendo menos do que posso. Se eu não posso estar lá para fazer meu melhor, então é melhor que vá outra pessoa, que possa dar tudo de si. Nas últimas três semanas, eu tenho vivido em um moedor de carne, física e emocionalmente. Nunca chorei tanto nem enfrentei mais frustração ao mesmo tempo em que calmamente tentava todos os caminhos disponíveis para que eu conseguisse ficar curada. Agora chegou a hora de descansar totalmente, dar ao meu corpo chance de se recuperar, ver o que pode ser feito e o que eu vou fazer a partir de agora. Enquanto isso, vou continuar apoiando nossa equipe com o mesmo entusiasmo de sempre, comemorando com eles enquanto vão esperançosos em busca de seus sonhos. Londres já está mostrando ao mundo o que eu sabia desde 2005, que os Jogos Olímpicos de Londres são um show sensacional!”
Para completar, ela deu algumas informações sobre o problema em seu pé esquerdo: “É, aquela articulação tem um problema degenerativo e está muito atingida. Mas é o mesmo pé sobre o qual, em 1994, disseram que eu nunca mais iria usar para correr. Naquela época, eu me recusei a acreditar. E agora, não acredito que o meu pé não possa ser recuperado e preparado para voltar a permitir que eu faça aquilo que amo fazer. Mas isso não vai acontecer em uma semana.”
É isso, gente. Acho que todos os corredores do mundo, guardadas as proporções, já sentiram, em algum momento, dor semelhante à que hoje vive Paula Radcliffe. É muito duro ver que seu corpo não responder ao seu comando, que a dor o paralisa. Mas, como ela diz, é preciso ter calma e confiança, sobreviver e lutar, por mais difícil que isso pareça. Tomara que ela se recupere o mais breve possível e possa voltar a encantar o mundo com sua determinação.
Uma pena a Paula fora das Olimpiadas, justo agora, em sue pais.
Ah e o depoimento dela, que comovente.
Entendo muito essa tristeza da Paula, eu também , guardadas as devidas proporções ( sou um corredor amador que amo correr ! ) , fui “premiado” com uma arritimia cardíaca….putz…. tô no estaleiro a 45 dias e não sei se volto….uma pena….vida que segue……
Comovente!!! Fiquei emocionada com o depoimento de Paula Radcliffe posso imaginar de longe, como atleta amadora que sou, a dor e tristeza dela. Que todos deuses
mandem forcas pra essa atleta maravilhosa. Be brave Paula.
Marilene
( maratonista e ultramaratonista)