Refugiado do Sudão corre maratona com a bandeira olímpica
24/07/12 14:45Foi quase um parto. Durante nove meses a questão esteve em suspenso, sob análise do Comitê Olímpico Internacional. Finalmente agora, a menos de um mês da maratona olímpica, saiu a resposta: Guor Marial vai poder participar dos Jogos de Londres apesar de não ter passaporte e oficialmente também não ter pátria. Ele (foto Reuters) correrá sob a bandeira do COI.
Marial, que tem 28 anos, vive como refugiado político nos Estados Unidos, aonde chegou quando tinha 15 anos, fugindo da guerra civil que então assolava o Sudão.
Corredor desde então, tinha o sonho de um dia representar sua terra em uma Olimpíada. O problema é que ele não tinha pátria: ele nasceu no que hoje é o Sudão do Sul, que só conquistou sua independência no ano passado. O país faz parte das Nações Unidas, mas ainda não está no movimento olímpico.
Com isso, quando o corredor conseguiu se qualificou para a maratona olímpica com o índice A, criou um problema diplomático. Não poderia representar os Estados Unidos, onde vive há quase duas décadas, e não poderia correr em nome de sua pátria, que não existe ainda para o Comitê Olímpico Internacional.
O COI ofereceu a ele correr pelo Sudão, o que o corredor considerou uma barbaridade. Afinal, muitas pessoas de sua família foram mortas ao longo da guerra civil. “Correr pelo Sudão seria trair a memória deles; agora, não: correndo com a bandeira olímpica, faço uma homenagem aos meus 28 parentes mortos e ao povo do Sudão do Sul”, disse ele.
Marial conseguiu a qualificação na primeira maratona que correu na vida: com 2h14min32, foi o quinto colocado na Twin Cities Marathon no ano passado.
Agora ele festeja a decisão do Comitê Olímpico Internacional: “A voz do Sudão do Sul foi ouvida. Finalmente temos um lugar na família olímpica. Ainda que eu não leve a nossa bandeira nestes Jogos, nosso país está presente. O sonho virou realidade. Está viva a esperança do Sudão do Sul”.
Muito bom, foi uma decisão correta, e uma homenagem para um atleta que viu sua familia destruida, não é fácil, parabéns COI, de verdade. Francisco Inocêncio de Carvalho Filho, ex. atleta.
Emocionante. Poderia virar um filme. Sucessos para ele!
Rodolfo, é realmente impressionante a história do Guor Marial. Eu não o conhecia.
Tem outro sudanês do sul (ou sul-sudanês, quem sabe?) na Olimpíada.
Luol Deng e a família também fugiram do Sudão no auge da guerra civil e foram para a Inglaterra.
Hoje, deng é jogador basquete, joga na NBA pelo Chicago Bulls e vestirá o uniforme da seleção britânica.
O “Observer” publicou um belo perfil dele no último domingo: http://www.guardian.co.uk/sport/2012/jul/22/luol-deng-basketball-olympics-gb