Garmin 210 não é o ideal, mas funciona bem
29/06/12 08:53Faz tempo que estou devendo ao nobre leitorado deste blog uma avaliação dos produtos da Garmin. Sou antigo usuário de relógios GPS dessa marca, já tendo passado por vários modelos. Nos últimos anos, venho experimentando outras marcas e já publiquei várias análises aqui. Também avaliei modelos cedidos apenas para teste.
No ano passado, troquei de marca: comprei um GPS Global Trainer da Timex, que é voltado para uso por triatletas. Com o DNA da Timex, é um relógio grandalhão, bacanudo, com números grandes. Funciona muito bem, mas o software é fraco, feioso e não dá todas as informações que gostaria de ter.
Por isso, decidi mudar novamente. Por causa do preço e da aparência, estava de olho no SportWatch da Nike. Meus testes, porém, mostraram que eu iria me incomodar muito com o péssimo desempenho do site, como publiquei neste blog.
Bom, decidi então voltar ao meu velho conhecido Garmin, com quem também tivera severos desentendimentos (em uma corrida no litoral paulista, quase joguei o infeliz no mar; imagino que isso resuma o grau de desavença a que cheguei).
Apesar de a empresa estar com novos e flamantes modelos, achei que todos estavam muito caros. Acabei achando o Forerunner 210 em promoção, em uma loja de Seattle: com monitor cardíaco, estava sendo vendido pelo preço de lista do sem monitor e, em cima daquilo, a loja ainda dava 10%. No final, paguei cerca de US$ 235. Para comparar, um ano antes havia pago US$ 225 pelo Timex.
Para mim, foi sopa no mel. E o desempenho do aparelho até agora tem sido bom. Não é o ideal e não tira nota 9 em nenhuma de suas características individuais, perdendo em vários aspectos para alguns dos outros que testei neste ano. Mas, ficando em segundo lugar em vários quesitos avaliados, acabando saindo da avaliação como o melhor dos testados. Resumindo, repito o título: não é o ideal, mas é bem bom.
O melhor do 210 é o DNA Garmin: o software é bastante completo, informativo, fácil de usar etc. e tal. Diferentemente de produtos de outras empresas (quase todas, pelo que sei), você tem a opção de baixar um programa e manter os dados gravados em seu computador, além de carregar todas as informações em sua área particular no GarminConnect, que é o site que a empresa oferece de graça para os usuários de seus produtos.
Para mim, que sou fanático por back-up e segurança das informações, isso é muito importante. Exagerado, eu arquivo todos os dados três vezes: baixo em meu computador, carrego na minha conta particular no GarminConnect e também para uma segunda conta, que pode ser acessada pelo meu treinador.
Comparando o programa baixado para o computador e o site, o primeiro perde. É mais feinho e limitado (veja acima); nos mapas, por exemplo, é pobríssimo, nem mesmo se conecta com o Google Maps, quanto mais com o Google Earth, o que acontece com o GarminConnect.
Não gosto de dez nota 10 para nada, mas o GarminConnect é muito superior aos demais sites que venho testando (veja abaixo uma tela da mesma corrida mostrada acima). Os da Nike e da Motorola são mais feéricos, modernosos, “jovens”, mas menos informativos e nem sempre estão disponíveis, para ser gentil.
Bom, vamos ao relógio propriamente dito. Tudo funciona bem. São quatro botões para fazer todas as operações; alguns têm mais de uma função, acessando menus virtuais. Até agora, nenhum negou fogo, o que é mais do que posso dizer de outros produtos.
Não vou entrar em detalhes das operações, mas ele traz as funções básicas para monitorar sua corrida: distância, tempo, velocidade, ritmo, distância na volta, volta automática, batimentos cardíacos (se você estiver com o respectivo monitor), média e em tempo real…
O que eu não gosto ou que poderia ser melhor: tamanho dos números. Por causa do diâmetro da tela, só uma das três linhas de indicadores pode ser mais avantajada. Você pode escolher qual informação quer em destaque, mas sua lista é limitada por um menu predefinido (na foto, os batimentos cardíacos estão selecionados como principal).
Ou seja: a apresentação das informações oferece menos variedade do que a do Timex ou a de outros modelos da Garmin, que permitem várias janelas em diferentes telas. Não chega a prejudicar, porque oferece o principal, mas corredores mais exigentes do que eu podem ficar frustrados.
Aliás, eu fiquei desencantado com as limitações impostas à personalização, mas acabei me acostumando.
Ele também poderia ser melhor na captura do sinal do satélite. Basicamente, saí todas as vezes do mesmo lugar e mais ou menos na mesma hora. Apesar disso, ele não melhorou seu desempenho, levando sempre cerca de 30 segundos para conectar-se ao satélite. Isso regula com o desempenho do Timex, mas perde feio para o do SportWatch da Nike, que levou sempre cerca de dez segundos.
Uma vez conectado, porém, dificilmente perde o sinal, mesmo na selva de pedra do centro da cidade e em bosques fechados. O chato é que, quando a gente dá pausa (para ir ao banheiro, por exemplo), ele desliga a conexão depois de algum tempo, para economizar bateria. E, quando você “despausa”, ele volta a demorar aqueles 30 segundos para se conectar ao satélite.
Essa sofreguidão por economia pode atrapalhar na hora de participar de alguma corrida. Não dá para fazer a ligação com o satélite muito tempo antes da largada: se a conexão é feita e o cronômetro não for acionado em um tempo X, o relógio corta a conexão. Só percebi isso quando fui fazer a meia maratona da ponte Rio-Niterói e quase fiquei sem GPS; ainda bem que percebi a tempo e pude controlar para que tudo funcionasse direito. Provavelmente é possível mudar esse padrão, mas, considerando que venho participando de pouquíssimas provas, nem tentei ir atrás dessa informação, apenas controlo o relógio para que ele esteja apto a operar na hora necessária.
Quanto ao desempenho do GPS, ele sofre do mesmo problema de outros do gênero: uma certa lentidão para perceber a mudança de ritmo. Não é tão ruim quanto outros modelos testados, mas é inferior ao Timex e ao Nike. De modo geral, demora cerca de cem metros para acusar a mudança; às vezes mais, às vezes menos. Para mim, não chegou a incomodar, pois meus intervalados hoje são mais longos, mas isso pode ser chato para quem faça trocas de um em um minuto, por exemplo.
A tela é muito boa, assim como a definição dos números e o contraste. Tem luz para uso à noite. Pelo que me dizem, a do Garmin 610 é muito superior, mas, para meu uso, a diferença de preço não compensa.
Desconfio muito, porém, da resistência de sua comunicação com o computador. Ele usa um cabo que tem, numa das pontas, uma porta USB, que vai será ligada à máquina, e, na outra ponta, um clipe com quatro perninhas bem curtas, que se conectam com quatro buraquinhos nas costas do relógio. Como tem pressão, esse é um sistema melhor do que o do Forerunner 305, que é por simples contato. Mas pode ser influenciado (prejudicado) por suor e água da chuva, por exemplo. O fabricante recomenda sempre secar o relógio antes de fazer a conexão. Até agora, não enfrentei nenhum problema nesse terreno, mas creio que é um ponto potencial de falha (foi a pior coisa do 305, que não é mais produzido).
Ao fim e ao cabo, trata-se de um produto de boa qualidade e bom desempenho, com software bom, site também bastante satisfatório e preço razoável. Não tem a melhor tela (dos que testei, a do MotoActv é bem melhor) nem o melhor tempo de resposta ao ligar, mas tudo funciona bem. Até agora, não me incomedei com ele.
Ainda, o garmin.connect permite que salvemos o treino no nosso computador. Há uma das extensões de arquivo compatível com o site http://www.trainingpeaks.com.
Para quem gosta de back-up, este é excelente! O mapa, que no garmin.connect é do Bing, no trainingpeaks é googlemaps. É possível ainda acrescentar informações como o tênis com que se treinou, de forma que o programa soma as distâncias ajudando a saber que o tênis precisa ser aposentado. Tanto o garmin.connect quanto o trainingpeaks permitem o compartilhamento dos treinos em redes sociais.
Complementando, por ser a corrida essa paixão cruel, desenfreada, acredito valer a pena pagar US$ 50,00 ou US$ 100,00 a mais para ter o modelo mais recente. O atual é touchscreen e possui um programa de armazenamento com animações que torna a visualização muito divertida. A minha próxima troca, no entanto, só daqui a dois anos, espero.
No ano passado consegui uma barganha na feira da maratona da Disney e comprei o Forerunner 410. Ele possui todas as virtudes e defeitos do 210 a não ser pelo fato de poder conectar com o computador via wireless e possuir uma coroa menos suscetível a problemas de contato (dizem que o 210 qdo se está muito molhado de chuva ou suor não atende aos comandos de mudança de tela, etc…). Os problemas de contato com a coroa ocorrem, é verdade, mas com pouca frequencia. Com relação à transmissão de dados via wireless, se eu pudesse arriscar uma estatística, diria que em 10% das ocasiões o emparelhamento é difícil, sendo necessário algumas manobras como reiniciar o computador, ou algo mais criativas.
O melhor mesmo é o Garmin 785B – versão Canadense.
0 Garmin 610 é imbatível!
Oi Rodolfo,
meu Garmin 110 pendurou as chuteiras após um treino na 3a. feira e foi para a assistência. Consegui um Polar emprestado, bah que diferença! O Garmin realmente é melhor e mais preciso. O site é de uso fácil e as informações são completas. A única coisa que não gosto muito é que a passada é a média e não a real, mas na velocidade que corro não faz muita diferença mesmo. Abç
Lucena: deixa de pão-duragem e compra o Forerunner 610. É show. Sem similares no mercado.
Grande abraço.