A conquista de um lugar entre os Marathon Maniacs
20/06/12 09:41São-paulino da gema, JOSÉ ROBERTO ISABELLA já frequentou as páginas deste blog falando sobre o grupo de corridas do seu clube do coração. Agora, volta falando de uma conquista que poucos no mundo podem ostentar: o direito a se inscrever no clube de doidos por maratonas, o Marathon Maniacs. Sem mais delongas, passemos ao relato de ISABELLA (foto Arquivo Pessoal).
“No dia 17 de junho, completei a 13ª maratona oficial da minha vida. Foi a 5ª em São Paulo, cidade em que nasci. Tenho 58 e corro há 29 anos. Abandonei o futebol, esporte de minha predileção na infância e adolescência, por deduzir que estava arrumando mais inimigos do que amigos. Afinal, quase todo brasileiro, que joga futebol, acha que sabe e pensa jogar melhor que os outros. Essa prepotência costuma acabar em machucados e encrencas. Fugi da várzea para os parques e ruas e preservar meus joelhos.
“Passei a correr por conta própria no Ibirapuera e na Cidade Universitária junto com o um amigo do tempo de faculdade. Na época, não tinha treinador nem orientação ou tênis adequado para o esporte. Praticamente a única prova que um amador podia participar nos anos 80 e 90 era a São Silvestre. Meu “batismo” em competições de rua aconteceu nessa prova no ano de 1989.
“Ainda sem treinador e “na raça”, como se diz, decidi me impor como desafio o fato de participar de uma prova de resistência de longa distância, antes de completar 50 anos. Foi também em São Paulo que estreei como maratonista no longínquo ano de 2003. Cheguei ao final da prova com o tempo de 4h13.
“Fiquei muito satisfeito com o resultado e busquei orientação para melhorar meu desempenho. Ingressei na Equipe de Corridas do São Paulo Futebol Clube, que tem o prof. José Luis Marques como treinador e uns cem aficionados que se exercitam regularmente pelo menos três vezes por semana. A maior integração com amigos que gostam da mesma atividade despertou novos desafios. Passei a correr em outras cidades e em equipes de revezamento.
“A cada ano tento me preparar para uma prova diferente. Já corri maratonas no Rio, em Curitiba, na Disney e em 2010, estive na Itália, quando realizei um grande sonho: visitei a região de Emilia Romagna e Veneto, terra onde meus antepassados maternos viveram. Fiquei imensamente feliz por ter participado da Maratona de Ferrara, cidade histórica, sempre mencionada pelo meu saudoso avô Guido Libanori. Lá, ganhei a menor medalha de todas as provas que participei, mas a de maior valor sentimental.
“A maratona de São Paulo deste ano fez parte do tempero de desafios que gosto de encarar. Explico. Lembro-me de um post do autor deste blog, Rodolfo Lucena, creio que no ano de 2006, informando que ele era o primeiro sul-americano a ser aceito no restrito clube Marathon Maniacs, com sede nos EUA. Para fazer parte desse seletíssimo grupo, que hoje tem cerca de 5.600 corredores, é preciso cumprir algumas exigências, como a de concluir duas maratonas em 16 dias.
“Na oportunidade, fiquei empolgado com a ideia e guardei-a como um dos objetivos de vida. Pertencer a um grupo bastante seleto não é tarefa pra qualquer um. Nas conversas de corridas que tenho com meus amigos, costumo argumentar que “desafio fácil não vale”.
“Pois o desafio de 2012 era entrar para o Marathon Maniacs. Não foi fácil, mas valeu muito. Essa é a grande vitória que alcancei no último final de semana e que ficou dividida em duas etapas. No dia 3 de junho, corri a Maratona de Porto Alegre. Gostei muito, pois o clima frio, o percurso plano e a largada bem cedinho contribuíram significativamente para que meu tempo fosse de 3h53, o segundo melhor da minha vida.
“A outra parte era a Maratona de Sampa no dia 17. Pensei que poderia me sair bem também por aqui, mas o cansaço bateu firme e terminei a prova penosamente. Cheguei a pensar até em desistir. Felizmente, houve um ocasional encontro no km 29 com outro amigo, Roberto Ken, fanático por longas distâncias e que também pretende se juntar aos Marathon Maniacs. O incentivo recíproco nos arrastou até a linha de chegada. Terminei com o tempo de 4h34.
“Pretendo descansar nesta semana e depois vou começar a me preparar para um novo desafio. Correr faz parte da minha vida.”
Legal essa determinação e amor pelo esporte. parabéns e continue assim. em breve tentarei seguir o exemplo.
janildo.
Coritiba 2 x 0 São Paulo
Certamente o Isabella faz parte de um seleto grupo de corredores que viveu uma outra “era” do esporte no Brasil. Meu treinador costuma dizer que essa simplicidade é atualmente encontrada nas ultras – poucos corredores mais determinação e menos showbiz. Bom, estou ainda nas meias, mas pego o exemplo do Isabella para aumentar a minha determinação. Acho que esse é o sentido das provas: superar os atuais desafios e sempre criar outros 😉