Quênia muda time e fofoca corre solta
14/06/12 17:36Entender a mente dos cartolas está muito além de minha limitada capacidade intelectual. Até consigo vislumbrar sua ânsia de mostrar que, efetivamente, têm o poder. Mas fazer isso mesmo com o risco de sair prejudicado na barganha?
Estou me referindo, como você já percebeu pelo título, à seleção da equipe de maratonistas do Quênia. Como você leu neste blog, primeiro foi anunciada uma pré-seleção de meia dúzia de atletas. Na hora de formar o time para valer, deixaram de fora nada menos do que dois dos mais velozes corredores da história.
A federação queniana barrou Patrick Makau, recordista mundial da maratona, e Geoffrei Mutai, dono da melhor marca da história –não reconhecida como recorde pela IAAF por ter sido estabelecida em Boston.
Bom, agora, no Dia dos Namorados, a entidade anunciou uma substituição na equipe. Moses Mosop, recordista de Chicago e dono da segunda melhor marca da história –também não reconhecida por ter sido cravada em Boston, na cola de Mutai–, mandou mensagem à federação dizendo que estava machucado e que não conseguiria se recuperar a tempo de garantir bom desempenho na maratona olímpica.
Tudo bem, disse a federação. E anunciou como substituto Emmanuel Mutai, que é um grande corredor, campeão de Londres em 2011, mas apenas sétimo colocado neste ano. Como seu reserva, foi buscar, fora daquele time de pré-selecionados, Stanley Biwott, campeão de Paris.
Todo mundo estranhou, já que Patrick Makau repetidas vezes dissera estar recuperado de sua lesão. Percebendo o diz-que-me-disse que estava rolando, a Federação explicou suas razões: “Nós solicitamos a seus agentes um relatório explicando por que eles abandonaram as provas de Londres e Boston e até agora não recebemos nenhuma justificativa nem de Makau nem de Mutai. Vamos continuar pressionando por uma resposta.“
Os agentes de Geoffrei Mutai (que não é parente do Emmanuel) ainda não vieram a público, mas os representantes de Makau estão furiosos com o que dizem ser uma falsidade da federação queniana.
Segundo a Possosports Europe afirmou ontem, nem a empresa nem o atleta receberam aquela solicitação que teria sido feita pela entidade. Mesmo assim, informaram, por e-mail, qual era a situação de Makau e que ele já estaria em condições de competir.
“Não questionamos a escolha dos substitutos de Mosop, mas queremos deixar claro é que nós e Patrick Makau informamos à Federação sobre o problema do atleta e dissemos que era uma lesão menor. Ele estará pronto para representar o Quênia em Londres, se for selecionado”, afirmou Zane Branson, manager de Makau.
Bom, aí estão as cartas na mesa. Vamos ver o que rola na hora em que for dado o tiro de largada. Como já disse um homem muito mais sábio que eu –e que esses cartolas todos, por suposto–, “a prática é o critério da verdade”.
Problemas de um país que tem vários maratonistas rapidíssimos!Politicagenas à parte, é difícil escolher três corredores entre tantos excelentes.
Nessa confusão protagonizada pela cartolagem, quem perde, sempre, é o esporte olímpico. Lamentável uma maratona olímpica sem a participação dos atletas que possuem as melhores marcas recentes nos 42k. Menos mal que isso pode ser, de alguma forma, bom para o Marílson, que, a meu ver, faz por merecer uma medalha olímpica.