Fora da Olimpíada, Haile pensa em carreira política
28/05/12 12:33“A Olimpíada de Londres acabou para mim”, foi a frase definitiva –e triste—do ex-recordista mundial da maratona e dos 10.000 m Haile Gebrselassie ontem, depois de fracassar em sua tentativa de obter uma vaga nos 10.000 m.
O etíope que se transformou em lenda no atletismo, tendo quebrado dezenas de recordes na mais diversas distâncias, terminou em um modesto sétimo lugar na pista de Hengelo, Holanda. A prova foi usada pela Etiópia como seletiva olímpica.
Haile (foto arquivo AFP), que já havia falhado na tentativa de obter vaga para a maratona olímpica, chegou a se entusiasmar com a possibilidade de ir a Londres defender as cores nacionais na pista. Isso porque, na semana passada, tinha vencido uma prova de rua de 10 km na Inglaterra, cravando o melhor tempo do ano, 27min39.
Mas, como diz o outro, uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa. Na pista, Haile foi até mais rápido, mas seu tempo de 27min20s39 nem fez cosquinhas no vencedor –seu compatriota Tariku Bekele, que estabeleceu a melhor marca do ano, 27min11s70, seguido por Leleisa Desisa Benti. Os dois vão a Londres pela Etiópia –a terceira vaga fica aberta esperando o recordista mundial Kenenisa Bekele, que está lesionado.
Por sua vez, Haile, quatro vezes campeão mundial dos 10.000 m, tentou manter a serenidade: “Eu pensei que seria possível ficar pelo menos entre os três primeiros, mas obviamente eu não tive velocidade para competir com meus rivais”.
“Para mim, acabou-se o tempo das sapatilhas de corrida”, resumiu ele. “Tenho 39 anos. Falhei na tentativa de conseguir uma vaga na Olimpíada. E há agora na Etiópia uma nova geração de jovens corredores muito velozes.”
Com a sua elegância de sempre, o Imperador declarou: “Eu dei tudo o que podia, por isso não estou triste nem desapontado. Eu sempre fico feliz ao correr”. Apontando para o futuro imediato, disse que agora vai se dedicar exclusivamente a correr meias maratonas e maratonas.
E, de olho num futuro um pouco mais distante, o corredor, que é também um grande empresário em seu país, tendo interesses em diversas áreas –é dono, por exemplo, de um resort de luxo–, anunciou: “Daqui uns três anos, pretendo entrar na carreira política. Eu gostaria de me tornar um membro do Parlamento”.
Por tudo que já fez ele tem mesmo que estar bastante satisfeito. E, se puder contribuir para que a Etiópia se torne um país mais rico e justo, ótimo.