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Rodolfo Lucena

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Perfil Rodolfo Lucena é ultramaratonista e colunista do caderno "Equilíbrio" da Folha

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Meu primeiro supertênis

Por Rodolfo Lucena
18/04/12 12:10

JULIANO BARRETO foi repórter do caderno Informática da Folha na época em que eu editava aquele trepidante hebdomadário. Hoje, aos 29 anos, é um dos editores da revista Info, além de escrever para blogs como o Resenha em 6 e Juliano VS Jubash. No meio tempo, começou a correr e acabou gostando da coisa. Tanto que já investe em equipamentos mais sofisticados enquanto se prepara para fazer sua primeira prova de dez milhas. Mas deixemos que ele mesmo conte sua história nesta crônica que mandou especialmente para o +Corrida. Fique, pois, com o texto de JULIANO.
“Há quatro anos, sedentário e beirando os cem quilos, decidi correr. Como todo mundo que toma essa decisão, não tinha muita ideia do que era preciso para avançar das caminhadas até as provas. Meus primeiros dias de esteira foram barulhentos. Não só pelo meu peso e pela falta de técnica nas passadas mas também pela precariedade dos meus calçados: um par de chuteiras para futebol society. Precisava de tênis de corrida.

“Comprei um modelo intermediário, de uma marca conhecida, e ali percebi que as coisas seriam mais fáceis com menos peso e mais amortecimento. Quilômetros e quilômetros se passaram, comprei outro tênis, igualmente baratinho, intermediário e eficiente. Participei de provas, corri no barro, me apaixonei pela corrida. E chegou o momento de aposentar o terceiro tênis baratinho. Era chegada a hora de investir num modelo daqueles indicados nas revistas especializadas. Pensei que, comprando um daqueles, estaria me premiando e também me obrigando a correr com mais regularidade.

“Pesquisei preços, marcas, modelos e cheguei a um par de tênis com nome, sobrenome, versão e até apelido. Lembrei-me dos tempos em que nas lojas de automóveis era possível encontrar o “Monza Barcelona 2.0 92”. O preço do tênis também podia ser associado ao de um carro, afinal aquele valor poderia muito bem ser gasto para pagar uma parcela de financiamento.

“No primeiro dia de uso, porém, mostrou que tinha valido a pena. Todo bonitão, aquele tênis iria propiciar mais velocidade, menos cansaço e uma autoestima maior nas provas de rua. Nessas ocasiões, sempre me sentia um patinho feio quando via alguém passando por mim com aqueles calçados coloridos, de design de nave alienígena.

“No primeiro treino, percebi que o material superior do tênis com pedigree era de fato mais leve e envolvia meus pés de um jeito mais elaborado, dando mais estabilidade, mas não proporcionando mais conforto que os meus outros “tênis genéricos”. Por alguns meses, o calcanhar de um pé batia no tornozelo do outro.

“Implacável como sempre, o tempo foi passando e esse problema continuou até o supertênis começar a ficar mais tortinho para dentro, como é o meu pé direito. Ao contrário do que eu imaginava, não fiquei mais rápido, não escapei das dores musculares chatas nem causei algum estardalhaço enquanto levava o meu “Monza Barcelona 92” para passear em parques ou provas.

“Percebi então que o preço do tênis não tem nada que ver com o valor do corredor. O amortecimento mais presente, perceptível, é agradável, mas não é isso que vai te fazer levantar cedo da cama para correr no frio ou motivar a troca de um domingo de sol entre a família e os cachorros por um trote solitário pelas ruas da cidade.  Quem não tem dinheiro sobrando deve primeiro pensar em investir num treinador ou em viagens para provas em outras cidades. Isso leva muito mais longe do que ser uma fashion victim da corrida.”

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Comentários

  1. Juliano comentou em 26/04/12 at 11:09

    Há hoje em dia tudo é consumismo. As empresas tentam fazer a pessoa se sentir mal se não possui aquele produto…Ai eles vendem e fazem a economia girar dando “sub”emprego aquele chines que fica 14 horas diárias na fábrica montando os tênis. Os empresários ficam cada vez mais ricos, os bobocas que compram se acham o máximo, os recursos naturais são esgotados e o planeta vai ficando saturado de lixo, que vai dar um trabalhão enorme para decompor quando a humanidade for para a cucuia….rs

  2. Mayumi comentou em 20/04/12 at 22:32

    Muito legal o texto! Tênis é uma coisa bem particular: vc tem que experimentar e ver qual se adapta melhor, independentemente do preço. Se um baratinho lhe caiu bem, sorte a sua! E tem coisa com custo/benefício bom! Vale a pena ponderar e não ser levado pelo consumismo.

  3. Roberto comentou em 20/04/12 at 18:25

    O Melhor Tenis do Mundo é o tenis novo, sem dúvida. Mas andar com uma Mercedes 500SL e um Monza Barcelona 2.0 é igual, os dois carros vão te levar ao mesmo lugar e no mesmo tempo, mas na Mercedes é mais gostoso.

  4. Leonardo Moreira comentou em 20/04/12 at 16:04

    Eu acho que nem em atleta de elite…geralmente eles correm com tênis leves que custam menos de 200,00 aqui no Brasil..
    Lá fora deve ser mais barato ainda..

  5. Alison Guedes Altmayer comentou em 19/04/12 at 23:06

    bingo!! Falastes muito bem – o tênis até ajuda, mas o esforço maior é teu… Na minha opinião, esses tênis caríssimos e cheios de tecnologias servem bem aos atletas de elite.

  6. Tarciso comentou em 19/04/12 at 10:06

    Boa ! também penso assim, o tênis não vai correr pra vc, assim como uma bike de 20.000 reais vai fazer vc pedalar mais se vc não fizer seu treino com regularidade. Sempre uso tênis de até 200 reais, nunca tive problemas com eles, nunca, jamais, em tempo algum eu pagaria 600 ou 800 reais num tenis de corrida, pq em time que está ganhando não se mexe.

    Atualmente tenho usado só dois modelos, ambos na faixa de 150 a 200 reais: o Olympikus Rio e os tênis Sprint, não vejo motivo nenhum pra querer mais do que isso.

    Já corri ultramaratonas com tênis de 150 reais e já pedalei a estrada real numa Caloi Supra de 900 reais, não tive problema nenhum com isso. Tem objetivo que não se compra, se alcança com treinamento adequado e regular.

  7. Ricardo Serravalle comentou em 19/04/12 at 8:15

    Pois é, durante muito tempo corri sem as aeronaves, concordo que é muito mais uma questão de moda e desejo de ser de certa forma aceito num grupo do que realmente melhora de rendimento. As grandes marcas lidam com os desejos humanos atuando em nosso ego, mas isso não é de todo ruim, a humanidade caminha para frente assim, porém cada um deve ter dentro de si o seu STOP na emoção para agir com a razão na hora da compra do seu material esportivo. Minha dica para economizar é esperar o lançamento da nova versão de uma aeronave para comprar a versão anterior, geralmente os descontos vão de 100 a 200 reais.

  8. gustavo giroti comentou em 18/04/12 at 19:42

    po, põe pelo menos o apelido do tenis….hehehe

    mas ele tá certinho, o tenis não anda sozinho proce….

  9. Eduardo Reis comentou em 18/04/12 at 19:17

    Legal esse texto do Juliano! Sou corredor iniciante e já me flagrei mais preocupado com os produtos ao redor da corrida do que com a corrida em si. Isso ficou de lado junto com um monte de preocupações tolas e o prazer de correr só vem aumentando!

  10. Paulo comentou em 18/04/12 at 19:16

    Apoiado!! Tenis caro é besteira.

  11. Adriana Teodoro comentou em 18/04/12 at 14:43

    Amei

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