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Rodolfo Lucena

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Perfil Rodolfo Lucena é ultramaratonista e colunista do caderno "Equilíbrio" da Folha

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Calor derruba Mutai e tempos de Boston

Por Rodolfo Lucena
16/04/12 22:28

O maratonista mais rápido do mundo pode ficar fora dos Jogos Olímpicos de Londres. Geoffrei Mutai, que venceu a maratona de Boston do ano passado com 2h03min02, não conseguiu completar a prova deste ano. Mostrou-se incapaz de acompanhar o ritmo do primeiro pelotão e acabou abandonando a corrida, sob a a alegação de câimbras. Isso pode custar a ele a vaga em Londres, que ainda está para ser decidida pela federação queniana com base em critérios não divulgados.
O calor que se abateu nesta segunda-feira sobre Boston, anunciado desde a última sexta-feira, fez vítimas mesmo antes de a prova começar. Mais de 3.600 inscritos nem sequer foram pegar seus números de peito; outros quatrocentos e pouco, que pegaram seus números, não compareceram à largada. No total, partiram 22.426 corredores, cerca de 84% dos inscritos.
Com a corrida em andamento, pouco a pouco os contendores foram sentindo os efeitos da temperatura: na largada feminina, os termômetros marcavam 21 graus, e as moças saíram em ritmo adequado, bem mais lento do que costumeiramente acontece.
Os homens também não foram seduzidos pelo canto de sereia da caça ao recorde e trataram de ser bem conservadores: a meia maratona foi cruzada em mais de uma hora e seis minutos, enquanto o primeiro pelotão ia aos poucos definhando.
Entre as mulheres, ficaram sete, depois cinco, depois três, enfim duas: Sharon Cherop e Jemima Jelagat Sumgong. Quem, como eu, assistiu à prova pela TV, pode ver uma batalha épica entre as duas rivais, o sol e os entregadores de água. A cada quilômetro, ficava mais evidente o cansaço e o sofrimento das duas, que se alternavam na frente, sempre por pouca coisa, meio corpo, um corpo. Quando passvama pelos postos de água, era aquela confusão; em um momento, quando o primeiro pelotão ainda era formado por cerca de sete atletas, uma voluntária chegou a se meter entre elas no afã de servir, quase provocando um acidente.
No km 41, Sumgong, que fez uma belíssima prova, tentou puxar, mas Cherop lhe deu o troco e seguiu, esperando a volta da outra; as duas foram juntas até avistarem a linha de chegada. Então Cherop pareceu dizer: Chega! E se foi para nunca mais ser alcançada, apesar do esforço da rival, que cruzou a linha no encalço da vencedora. A vitória feminina foi no lerdíssimo tempo de 2h31min50 –para comparação, o índice classificatório para os Jogos Olímpicos é de 2h30min07.
O tempo do vencedor entre os homens também não foi grande coisa, 2h12min40, ainda que elogiável por causa do calor do dia. O desempenho do vencedor, porém, foi maravilhoso. Wesley Korir correu com o cérebro, hidratou-se o mais que pôde ao longo do percurso e ficou sempre na rabeira do primeiro pelotão ou mesmo entre os perseguidores mais de trás, quando o primeiro pelotão se desfiou deixando apenas dois (supostos) contendores pelo título.
Lá estavam os quenianos Levy Matebo e Matthew Kisorio, que duelavam havia quilômetros, um tirando forças do outro, roubando suor, esfarelando a vontade. No km 32, quando estava no sexto posto, Korir nem sequer via os líderes. Mesmo com câimbras, foi em frente para acabar tomando a dianteira quando ninguém mais tinha forças para reagir. Na passagem sob o viaduto, no último quilômetro, desceu com tudo e emergiu líder, seguindo sozinho para conquistar os US$ 150 mil do prêmio destinado ao campeão (Cherop também levou essa bolada).
Korir vive há anos nos Estados Unidos, onde fez seus estudos, e espera se naturalizar norte-americano nos próximos anos. Ele é formado em biologia e, com a mulher, a corredora canadense Tarah McKay, dirige uma fundação em sua cidade natal –Kitale, no Quênia– e investe na construção de um hospital em memória de seu irmão Nicholas, morto por uma picada de cobra venenosa quando tinha dez anos.

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Comentários

  1. Dalge comentou em 18/04/12 at 11:43

    Olá Rodolfo. Parabéns pelo blog. E Paris hein? Assisti e gostei. Não dimnuísse o ritmo nos 3 kms finais, o campeão poderia ter chegado muito perto do record mundial. Abraço.

  2. Oswaldo comentou em 17/04/12 at 18:36

    Assisti a prova pela Bandsport. Primeiro gostaria de elogiar o interesse da emissora em transmitir estes eventos, mas quem era aquele comentarista? Os lideres passaram nas primeiras marcacoes ja bem lento e eles achaVam que ia ter record do percurso! Se nao fosse algumas mensagens suas, eles ia se enrolar mais ainda…

  3. ivar benazi comentou em 16/04/12 at 23:08

    quem diria que isso ia acontecer com esse queniano que parecia imbativel,atletismo é isso alem do treino tem que contar com a variaçaõ climatica.

  4. Frank Nunes comentou em 16/04/12 at 23:02

    Rodolfo e aos demais seguidores: foi um ano excepcional ou Boston tem a imprevisibilidade climática semelhante a Chicago? Rodolfo, mais uma vez parabéns. Acompanho todos seus posts. Vejo qdo vc posta através do FB. Grande abraço.

  5. Clayton comentou em 16/04/12 at 22:56

    Sonho de muitos –o meu ao menos o é–, 4.000 não compareceram. Certamente estava um calor senegalês, porém, duvido que foi pior do que a Yescom fez na maratona de SP no ano passado (“promoveu” uma largada kamikaze às 9h30, por ordem da vênus prateada). Bom relato meu caro! Abraço

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