Decepção e drama na maratona de Santiago
12/04/12 10:14Há dois anos, corri a maratona de Santiago que integrou as comemorações do bicentenário da independência do Chile. Foi uma prova emocionante e razoavelmente bem organizada. Percurso mediamente complicado, com longas e leves descidas na segunda parte —elas me deixaram totalmente quebrado. Mas o mundo gira, e o que foi bom no passado nem sempre mantém a qualidade, como acaba de comprovar o advogado paulista e leitor deste blog Raphael Sérgio de Paula Filho, 51, que viveu em Santiago uma experiência que combinou decepção com vívido drama. Sem mais delongas, deixo que ele traga a nós o relato do que foi sua participação no evento chileno. E obrigado ao RAPHAEL pela colaboração.
“No último dia primeiro de abril, eu, minha esposa e dois amigos participamos da Maratona de Santiago no Chile. Eu e meus dois amigos fizemos a meia, minha esposa bateu seu recorde pessoal nos 10 km, com 58min11. Chegamos a Santiago na sexta-feira, dois dias antes da prova, e pudemos perceber que, ao contrário de que pensávamos, a prova seria bem quente, com um tempo incrivelmente seco e poluído (ficamos uma semana em Santiago e não choveu uma gota sequer!)
“As largadas foram às 8h30 para a maratona, 8h45 para os 10 km e 9h para a meia. Horários que julgo inconvenientes em razão do clima, mas que encontram explicação em razão do horário de verão, que faz com que o dia amanheça, somente, por volta das 8h.
“Nos primeiros quilômetros já pude sentir a secura do tempo! Como estou acostumado quando faço provas de até 21km, não me hidratei no primeiro posto no km 5, crente de que haveria água ou isotônico logo. Ledo engano! Água e gatorade só nos kms 10, 15 e 18 e em mínima quantidade! Os copos eram abertos e não tinham mais do que dois dedos de água e isotônico, cada um (não dava tempo de encher). Ao contrario da maioria de nossas provas, a hidratação era feita só de um lado do percurso e, por causa da aglomeração e porque a bebida era servida em copos, tínhamos de parar para beber.
“A quantidade de postos de hidratação e a escassez de água e isotônico, por copo, foi um ponto extremamente negativo para a prova. Afinal, é notório para os chilenos que, nessa época do ano, não chove em Santiago e por essa razão o tempo é seco e poluído.
“Minha esposa que, como disse, correu os 10km e conseguiu o seu melhor tempo, só teve água no km 5 (também dois dedos) e, pasme, não recebeu medalha, pois não existia medalha para os 10km. Outro ponto negativo da prova.
“O maior absurdo, porém, ainda estaria por vir.
“Depois de passar pela zona de dispersão, voltei para nosso hotel, que ficava a uns 800m da largada/chegada, para encontrar as esposas e aguardar um de meus amigos que ainda corria a meia.
“De repente, um corredor cai a uns cinco metros de onde nos encontrávamos. Ele levanta novamente, começa a cambalear (lembrando muito a suíça Gabriele Andersen na maratona de Los Angeles em 1984) e cai desfalecido.
“Corremos para atendê-lo, sua pulsação chegava a 210 (estava no garmin do mesmo) seu estômago dava sobressaltos. Enquanto uns pegavam gelo no hotel, outros em vão chamavam a polícia, que apenas se dignava a falar no rádio. O descaso da policia foi uma das coisas mais deprimentes que já vi na vida! Havia duas viaturas paradas a menos de 50 metros de onde o cidadão estava e não fizeram nada.
“Uma das pessoas que nos ajudavam a socorrer foi uma chilena que se disse enfermeira. Molhamos a boca da pessoa, colocamos gelo em suas pernas, mantivemos suas pernas para cima, abanamos, até que, depois de uns 15 minutos, chegou um paramédico da organização. Ele parou um carro, fez a família descer da parte traseira (as filhas adolescentes ficaram em frente ao hotel esperando o pai voltar do hospital) e colocamos o corredor, ainda desfalecido no carro para ser conduzido ao hospital, sem que ao menos a polícia chilena escoltasse o carro.
“Lembro, para que todos fiquemos atentos e para que nos sirva de exemplo, que o corredor desfalecido não possuía qualquer identificação, nem mesmo na parte posterior do seu número de peito! Duas senhoras que acompanharam tudo, de tão envergonhadas com a postura da polícia, nos agradeceram muito pelo que havíamos feito.
“Não conseguimos saber o que aconteceu com o corredor, não vimos qualquer comentário ou notícia posterior, esperamos que esteja vivo!
Correr em Santiago, nunca mais! Voltar a Santiago, se houver oportunidade, sim, pois o povo é encantador e o Vale Nevado, divino.”
Corri a maratona de Santiago em 2011 e tenho otimas lembrancas. A hidratacao estava em todos os pontos descritos no site da organizacao e a organizacao foi muito eficiente, so a dispersao que teve um pouco de confusao, mas nada que se compare com a bagunca da Sao Silvestre. Sobre as reclamacoes do Sr. Raphael aceito que ele entenda que devesse ter mais hidratacao, mas bastava dar uma olhada no site pra ver que se abrisse mao da hidracao no km 5, so a teria novamente no km10. O circuito e muito agradavel com a primeira parte com leves subidas e o final descida abaixo. A falta de atendimento sim, e algo que jamais poderia ter acontecido, mas pela minha experiencia na maratona, e de outras provas que participei no chile, acho que foi um lamentavel fato isolado. Certamente voltaria a santiago para fazer a maratona. E fica o alerta para que se leia o regulamento das provas.
credo, é pior (muitas vezes) que o circuito popular de corrida de rua da prefeitura de SP….cruzes!
É uma pena ter este tipo de noticia, haja vista que a Maratona/Meia de Santiago é cada vez mais procurada pelos braisleiros a cada ano. Participei da Meia Maratona em 2009 e já achei bem fraquinha a medalha. A organziação, pelo visto, anda piorando e deixando a desejar… Só que temos que tirar 2 lições destes tristes episódios: 1) SEMPRE preencha os dados pessoais no verso do número do peito. Mesmo que se trate de um corredor experiente ou que seja uma prova de curta distância, nunca sabemos o que pode acontecer. 2) JAMAIS CONFIE OU DEPENDA DA HIDRATAÇÃO FORNECIDA PELA ORGANIZAÇÃO DA PROVA. Se vai correr uma prova longa, providencie sua própria hidratação. Como nem sempre as provas cumprem o que prometem, a água e o isotônico da prova devem ser encaradas como complemento da hidratação do atleta…
Indignação
Felizmente não compartilho das suas criticas, considerei a maratona de Santiago uma das mais bem organizadas, até hoje, das 15 já realizadas por mim.
Pontos negativos todas tiveram e vão ter. Só uma pergunta que não quer calar, qual o motivo “maior” das suas participações nessas corridas?
Por favor Rodolfo, faça criticas sérias, não levianas e desenformadas. Você pelo jeito não teve o trabalho de ler as informações do site, ou do manual entregue a todos no dia da corrida.
Rodolfo, fraternal abraço.
É lamentável os acontecimentos narrados pelos amigos do Brasil que participaram da Maratona de Santiago.
Um evento de tal porte deve funcionar – se não 100%, pelo menos 90%. É muita responsabilidade dos organizadores e essa faltou.
Infelizmente é isso aí mesmo, fazem um evento desorganizado pensando exclusivamente em ganhar dinheiro do participante, isso acontece lá e aqui também.
Corri a maratona de Santiago neste ano. A organização realmente deixou muito a desejar. Havia o problema da água citado. As subidas eram constantes. As vias não estavam totalmente fechadas para os corredores, era, na verdade, quase sempre apenas uma faixa que ciclistas e patinadores acabavam utilizando também, o que, inclusive, causou o atropelamento por uma bike de uma amiga que também
corria a maratona. Mas o público é um capítulo a parte, já que em quase todo o percurso existem pessoas incentivando inclusive muitas famílias e crianças. É adorável este aspecto desta maratona. Resumindo do mesmo modo que o Raphael, correr em Santiago, nunca mais, porém, visitar Santiago, definitivamente sim!
Estava na minha programação para este ano, ainda bem que não fui. Vou aguardar noticias do ano que vem quem sabe a organização volta a melhorar a prova.
Pretendo — ou pretendia — fazer essa prova qualquer hora. Não é a primeira vez que relatam sérios problemas organizacionais.
Olá!
Também corri a meia-maratona no dia 1º, e meu namorado fez a prova de 10km. Concordo com suas reclamações sobre hidratação, bem diferente das corridas aqui no brasil, em que sempre há postos a cada 3 ou 4 km no máximo. E também sobre não haver medalha para os 10km, achei uma falta de respeito. Aém disso, incluo o caos que encontrei após a chegada, pois tivemos que andar vários quarteirões até a área de entrega de medalhas, em que as pessoas se acotovelavam para conseguir água. Frutas, então, não havia mais quando cheguei – fiz em 2:09. Enfim, filas são necessárias nessa hora.
Mas confesso que a descida depois do km 15 me ajudou bastante!
Abraços!