SP no celular: um violista no asfalto
19/03/12 12:28Chegaram os treinos longos, e eu estou saindo cada vez mais cedo de casa, para fugir do calor. Lerdo como sou, qualquer 20 km está durando quase três horas, com caminhadas, paradas para ir ao banheiro e para fazer fotos, como essa do sol acordando numa manhã de sábado.
A vantagem é que as coisas da cidade ficam mais livres e limpas nas horas matutinas, sem tanta confusão de gente e trânsito. Dá para ver restos que mendigos deixaram no viaduto da Dr. Arnaldo. Parece uma instalação de Duchamp, mas é só lixo mesmo.
Cortando por um lado e outro, de repente avisto um gato preto em campo de neve, tal qual o título do livro de Érico Veríssimo.
O campo, porém, é o capô que um carro velho deixado para morrer numa garagem abandonada, protegido apenas por um pano branco que vai se esvaindo com o tempo. O chato é que a câmera do meu celular é bem pior do que eu pensava quando escolhi esse modelo, e a foto fica devendo muito para a cena que vi em uma quebrada de Higienópolis.
Também me divirto com a decoração das lojas. Essa aí de cima é um detalhe da frente de uma butique da Oscar Freire. Tecidos trançados, rotos, lembra um favela estilizada, mas os preços da tal loja devem ser lá das alturas…
Para cenas amplas e iluminadas, até que a câmera do meu celular não se sai mal. Gostei do resultado desta imagem do lago do Ibirapuera.
A grandes paisagens, porém, prefiro detalhes da cena urbana. Esta é uma instalação curiosa que apareceu em na praça em frente ao Pacaembu:
À noite, é iluminada por dentro e ganha um ar fantasmagórico. De dia, capta reflexos em suas laterais espelhadas –até eu apareço na foto.
Inesperado também é o surgimento desse violista de chinelos em uma esquina paulistana. Em vez de brincar com fogo ou equilibrar bolas, faz música em troca de moedas. Quando pedi para fotografá-lo, perguntou: “Quem é você, um hippie corredor?”
Eu não lhe perguntei quem era, segui correndo, mas inventei uma história na minha cabeça. Neto de ciganos, tinha aprendido violino com o avô, em um vilarejo da Romênia, de onde fora trazido para cá pelos tios em busca de vida melhor. Hoje já não fala a língua-mãe, mas guarda como tesouro o instrumento que lhe provê o sustento.
Assim termina mais esse SP no celular, com um adendo trazido por uma corrida especial –de carro—até o Itaquerão. Se o estádio vai ficar pronto a tempo, não sei, mas os trabalhos estão em andamento, e a visão do canteiro de obras impressiona.
Belas fotos,
Tambem começo a correr bem cedo, as 5 já estou lá longe. O amanhecer em Brasilia é muito bonito.
P_ena que nesa hora aparece um monte de motoristas bebados qeu insistem em te arremessar uam lata de cerveja.
Oi Rodolfo, passei por aqui pra te dar os parabéns pelo relato e pelas fotos. Seguinte, depois do último comentário que fiz lá no post em que você entrevistou a ex-gordinha e jornalista Fernanda, corri mais duas vezes. Na primeira, quando você me viu (acho que foi a segunda), foram 2.7 km. A terceira, hoje, dia 19/3, consegui 3,17 km em 18 minutos. Sabe que não fiquei morta? Depois caminhei mais seiscentos metros, peguei o ônibus e fui fazer mais uma hora de musculação, fortalecimento de pés e braços. Na sexta, fiz 2.7 km e em 20 minutos + musculação e depois fiquei muito, mas muito cansada. Hoje segurei bem a onda. Bom, é isso. Abraços e bons treinos.
Muito interessante essa perspectiva dos percursos nas ruas de SP! Também gosto de observar a cidade vazia (ou quase) durante os treinos: as decorações das sacadas dos apartamentos próximos ao Elevado, o Castelinho abandonado na Brigadeiro, as exposições das feirinhas de artesanato na Paulista aos domingos… Conhecer São Paulo correndo é muito mais divertido do que viver na correria de São Paulo!