Na ponta do lápis, correr não é tão barato assim
16/03/12 12:08A corrida é apontada como o mais democráticos dos esportes. Basta colocar um tênis –ou nem isso— e sair por aí, sem precisar de clubes, piscinas ou parceiros.
Isso é verdade. Quando o corredor resolve participar de provas, porém, a coisa muda de figura. Logo fica fissurado por melhorar seu tempo, derrotar algum adversário ou simplesmente colecionar mais uma medalha. E vai pagando mais uma inscrição e outra e outra.
Começa a desconfiar dos tênis, compra mais um par, escolhe roupa tecnológica, meia especial e lá se vai o rico dinheirinho do fulano. Claro que cada um gasta conforme suas posses e, como o investimento vai sendo feito aos poucos, parece nem pesar no bolso. Será mesmo?
Corredor há mais de cinco anos, com mais de 140 provas no currículo, Carlos Alexandre Batista Ribeiro resolveu tirar a prova dos noves. Aproveitando sua experiência como administrador financeiro, tratou de fazer cálculos para tentar estimar o gasto médio com corridas.
Trata-se de uma exploração sem caráter estatístico, em que Ribeiro faz estimativas com base em sua própria experiência. Há quem gaste mais, há quem gaste muito menos.
Vejamos o que ele aprontou. Começou fazendo uma lista de produtos e serviços que o corredor utiliza, colocando em primeiro lugar os tênis.
O preço médio de um bom par de tênis, no cálculo de Ribeiro, está em R$ 400 (já eu nem amarrado pago mais de R$ 200 ou o equivalente em dólar…). Em geral, o corredor alterna pelo menos dois pares; como a duração média é de três meses, são quatro pares no ano = R$ 1.600. Para estimar essa duração de três meses, Ribeiro levou em consideração a suposição de que o tênis funcione bem por cerca de 600 km, e que o corredor faça em média 50 km por semana.
Em seguida, Ribeiro fez estimativas para o custo com roupas especiais para corridas, determinando preço médio de R$ 40 para shorts e camiseta (cada um). O corredor alterna dois conjuntos e faz a troca a cada seis meses, totalizando um gasto anual de R$ 320. Aí está um custo muito por baixo e ele nem incluiu as meias especiais: as de corrida estão por pelo menos R$ 20, e as estrelas da moda, as meias de compressão, quase batem nos R$ 200. Mas vá lá.
Agora vem a paulada do preço das corridas. Ele calculou o custo da inscrição em R$ 95, em média, e estima que o corredor participe de duas provas por mês. Lá se vão R$ 2.280 no ano…
Ribeiro incluiu um custo para o qual eu não havia atentado: o gasto para buscar o kit. Fez cálculos com preços de passagens de ônibus e metrô e gastos com gasolina se o sujeito for de carro: noves fora, chegou a uma estimativa de gasto de R$ 11 para ir buscar cada kit. O que dá R$ 22 no mês e R$ 264 no ano.
Um total geral de R$ 4.464, e isso que não estão sendo levados em conta outros gastos diretamente ligados à corrida, como a compra de suplementos, vitaminas, carboidrato em gel. Sem falar em mensalidade de assessoria esportiva e academia, do relógio com frequencímetro, do GPS e por aí vai…
Enfim, não é a coisa mais cara do mundo, mas também não é dinheiro de pinga…
Quanto você calcula que gasta para correr?
Independentemente do valor, digo-lhe uma coisa: vale a pena.
A corrida PODE ser um esporte barato, mas o corredor precisa fugir de certas armadilhas e arapucas. Como disse um colega antes, o business chegou até a corrida, todavia o cidadão ainda não depende dele pra sair por aí… é claro que todo mundo gostaria de ter várias medalhas penduradas na sua coleção, mas no fim são só chamarizes, iscas, que atraem os corredores para provas que encareceram substancialmente. Há 5 anos, uma inscrição custava 30 ou 40 reais… o que motivou a escalação de preços para que agora cobrem quase 100 reais?
Houve um tempo, nem tão longe assim, que correr era a opção de quem não tinha acesso a outro esporte. E como era pouca gente que corria e esta pouca gente geralmente era uma gente pobre a industria, o comercio e os serviços não davam atenção a este público.
Assim, ainda que quisesse, o corredor/consumidor não tinha muitas opções de escolha entre um tenis ou outro; não tinha muitas opções entre escolher esta ou aquela prova, eram pouquissimas provas. E as pouquíssimas provas nem tinham kits com isto e aquilo. Então correr era um esporte bem barato e para pratica-lo era mesmo só um par de tenis basico e umas poucas corridas no ano.
Mas os empresarios resolveram fazer da corrida um “business”. Foi ai que se criaram tantas necessidades para correr. Tipo certo de tenis, meia de pressão, tecido especial para bone, para camiseta, personal treiners que nunca correram, empresas especilalizads em organizar provas, agencias de viagem especializadas em corrida, e vai longe a lista de tanto empreesario que hoje vive do business corrida. E vai longe a conta que o corredor tem que arcar se resolver consumir tudo isto que os empresarios tem a oferecer.
Então, é sim possivel continuar correndo gastando pouco. O desafio é se execitar para não cair nas armadilhas do business.
A corrida ainda e um esporte barato… o que encarece é o comportamento do atleta amador, que para se sentir mais profissional, consome tudo o que lançado no mercado, sem muita analise do que realmente e necessario.
Os fabricantes de material esportivo, os organizadores de provas, tentam ao meu ver, melhorar seus produtos e satisfazer a necessidade de consumo do mercado.
O atleta deve primeiro colocar na balança o que ele realmente necessita… por exemplo, será que um short, ou meias de compressão irão influenciar de forma significativa no meu tempo/performance? Será que “minha corrida” merece um tenis de R$ 800,00, não pode ser aquele modelo do ano anterior que esta em promoção?
Planejar a participação nas provas e outro item fundamental. Infelizmente nada e de graça, e a organização delas demanda profissionais e materiais. Divulgando uma ideia de outro blog, talvez deveriamos ter opções de kits corrida, alguns mais basicos e outros
mais elaborados…
Mas o comentario de outros leitores acima, tb economizo muito deixando de ir a farmacia, ao psicologo e no advogado rsrs … bora correr pessoal!!
A procura cada vez maior por corridas de rua tem algumas contraindicações. A principal delas é inflacionar os valores cobrados pelas inscrições. Repete-se um fenômeno bastante comum em outras áreas, do esporte à cultura: a apropriação, pelas classes mais abastadas da sociedade, de uma prática ou de uma tradição de caráter mais popular. Essa apropriação em geral promove a transformação daquela prática/tradição em um negócio mais ou menos lucrativo, o que acaba por excluir aqueles que pertencem aos estratos inferiores de renda. Exemplos não faltam, a corrida é só um deles. Tome-se o preço dos ingressos para um jogo de futebol, e de um clube popular como o Corinthians. Depois de apoiar, incentivar, cantar e gritar das arquibancadas do Pacaembu, o torcedor mais humilde é “impedido” de torcer justamente nos jogos decisivos do campeonato mais importante para o corinthiano, a Libertadores. Quem é que tem condições de pagar 200, 300 reias por um ingresso? Quem é que pode pagar 90, 100, 120 reais por uma inscrição de corrida? Quem ganha um salário mínimo? Quem ganha 800 reais por mês? Infelizmente, a corrida deixou há muito de ser um esporte popular e democrático. Fazer o quê? O que todos nós nos acostumamos a fazer em todas as esferas da vida: abaixar a cabeça e reclamar baixinho. Uma pena.
esqueci de falar a academia, aqui uso a do condominio, tá embutida no valor do condominio mesmo, mas é academia a lá rocky balboa, só falta a carcaça de um boi pra socar…hjehehehe
Corro descalço. O custo de tênis não tenho mais (tive no ano passado).
As inscrições pesam. Tem provas de 80 reais.
Combustível para ir à prova e treinar também pesa.
– corrida – as de graça (barueri e SP, mas SP t´[a dificild e fazer as provas do circuito pois quem tem a preferencia são as equipes) e tb as que custam menos de 40 reais (umas 5 por ano)
– tenis – mudo a cada 2 anos, deveria ser menos, mas não dá, compro tenis quando o preço normal deles cai a 50% do valor (ex nimbus que custa 500 em promoção a 250) evidente é o modelo anterior
– roupa, só comprei um short a 30 reais da mizuno numa promoção, camiseta as das corridas
– material – comprei BCAA (fraquinho, mas baratinho) e um frequencimetro na promoçlão de 200 reais por 129 reais, ainda nem troquei a bateria!
uma versão mais barata dos elevados custos da materia!
Com certeza alem de ser “necessário um bolso não muito pequeno” gostar bastante da prática é primordial
Interessante ele ter atentado ao fato de gastarmos para buscar os kits das provas. Até hoje me perguntou pq não nos deixam pegar o kit no dia… é um trabalho a mais que me parece tão a toa.. tão chato.. =/
A meu ver parecem fazer isso só para fazer mais propaganda de alguém que faz/patrocina a prova (como buscar kit numa loja de artigos esportivos).
Dependendo da freqüência de provas, dos locais (dentro e fora do Brasil) e dos acessórios adquiridos, a conta fica ainda mais alta. Mas existe um valor que não pode ser totalmente mensurado: o bem estar da corrida para a alma e para o corpo! Isso sem contar as inúmeras amizades que acontecem nesse mundo da corrida!
Ola Rodolfo,
Perfeito o calculo feito pelo colega/corredor ( Carlos Alexandre ). Realmente o custo para participar de uma prova ou mesmo de um tênis que de para se adaptar às corridas, estão custando os olhos da cara ou seja, muito caro!!
Agora, tudo isso vale muito!! Realmente não há palavras!! Não tem coisa melhor do que ver a linha de chegada é ver/sentir que vc, superou sua própria barreira.
Já pratiquei diversos esportes e, sem dúvida, a corrida é o mais acessível. Logicamente, quanto maior a sofisticação, maior é o custo. Fiz as minhas contas e cheguei à conclusão de que gasto até mais do que o valor apurado pelo Ribeiro (inclusive viagens, revistas, livros, assessoria esportiva, academia, etc). Só que, ao fim e ao cabo, sai barato, porque tenho que abater da conta o que, se não corresse, gastaria com remédios, psicanalistas e médicos. Ou seja, também pelo viés da melhora da saúde física e mental, a corrida tem excelente relação custo/benefício.