Com 40 kg a menos, Fernanda descobre a corrida
06/03/12 14:12A jornalista FERNANDA ANGELO nunca teve nada a ver com corridas –a não ser, eventualmente, em alguma reportagem que tivesse de produzir ou texto a revisar. Mas a corrida entrou na vida dela, conforme Fernanda nos conta a seguir, com humor e emoção. Divirta-se, aproveite.
“Como boa gordinha que sempre fui –e sou–, por muito tempo fiquei inconformada ao ver aquelas pessoas superdeterminadas, que têm com a corrida um compromisso quase religioso. Pra mim, era impossível compreender aquele indivíduo que deixava o quente das cobertas, em pleno inverno, para uma corrida matinal. “Deus do céu, como podem ser tão comprometidos?!” Por tempos eu me fiz essa pergunta. Na verdade, porém, acho que tinha ali uma pontinha de inveja. Não do comprometimento em si, mas daquelas camisas e shorts encharcadas de suor. “Quantas calorias aquele cidadão teria mandado pro espaço enquanto eu, ao contrário, só ingeria calorias?!”
Depois de alguns anos invejando esse povo, decidi, no fim de 2011, que neste ano de 2012 eu começaria a correr pra valer. Foi uma espécie de resolução de Ano Novo. Prometi que conseguiria participar de pelo menos uma corrida de rua. Nem que fosse bem pro final do ano.
Permita-me aqui abrir um parênteses. (Eu cheguei a pesar 120 kg no fim de 2010, quando me submeti a uma cirurgia de redução do estômago. Em novembro de 2011, 40 kg mais leve –ou menos pesada, sei lá–, meu peso se estabilizou, bateu também aquele medo de voltar a engordar e, mais do que isso, eu ainda tenho que eliminar outros 10kg –abaixo, imagens do antes e depois da cirurgia. Acho que esses fatores me ajudaram bastante a cumprir minha resolução.)
Bom, 2012 começou e, junto com ele, iniciei minhas corridas. Logo recebi um e-mail com informações sobre o Circuito Vênus –-uma corrida só para mulheres, que aconteceria no dia 4 de março, no Jockey Club, em São Paulo. Foi outro estímulo. Fiz minha inscrição e tomei aquilo como meta.
Mas, àquela altura, eu nem mesmo tinha ideia de quanto conseguiria correr. Então, numa terça-feira, no finzinho de janeiro, fui até o clube do qual sou sócia para testar minha resistência. Ali tem uma pista de atletismo. Seria mais fácil medir meu desempenho em um local plano. Consegui completar uma volta inteira correndo. Quase morri, a língua veio parar perto da cintura! Cheguei em casa e perguntei ao meu marido quantos metros tinha a pista de atletismo do clube. Veio a resposta desanimadora: 400 metros. Eu comecei a rir: “Foi o quanto eu consegui correr.”
Mesmo assim não perdi o foco. Passei a alternar as corridas com aulas de natação. Nos dias de corrida, corria 500m/800m e andava outro tanto. Poucos dias depois, consegui completar 1km. Foi uma sensação muito legal, de que estava no caminho certo. Cerca de duas semanas depois, consegui fazer 3km.
Aí veio o Carnaval. Viagem em família para um hotel fazenda com tudo incluído. Meus treinos e meu preparo iriam para o espaço… Não!!! Quando me dei conta, estava colocando shorts, camiseta e tênis de corrida na mala. E, sim, corri por lá todos os dias. Na verdade, precisei caminhar alguns deles porque acho que exagerei um pouco a dose e comecei a sentir dores em um tendão abaixo do joelho.
De volta a São Paulo, dia-a-dia retomado. Estava conseguindo fazer 3,5 km e sentia que um pouco do cansaço era psicológico. Era meio automático: quando via o relógio bater nos 3 km, imediatamente não aguentava mais dar um passo. O dia da prova estava chegando, e eu precisava melhorar. Mas também estava decidida que não me machucaria por isso.
Fui aos poucos aumentando o percurso. Na semana anterior à prova, na sexta-feira, 2 de março, consegui fechar 3,8 km. Mesmo não tendo chegado aos 5 km, decidi que participaria da corrida dali a dois dias de qualquer jeito. Tinham me contado que a adrenalina do dia da prova me daria uma energia a mais…
No sábado, véspera da corrida, fui buscar o kit e aí me bateu um frio na barriga. Um medo de ser a única a não conseguir completar os 5 km correndo e que seria uma vergonha andar em meio a tanta gente magra e sarada (era só isso que tinha na fila dos kits naquele sábado. Pelo menos era só o que eu via).
Chegou o domingo. Sim, a corrida aconteceu num domingo, às 7h30!!! Não era inverno, é verdade. Mas eu acordei às 5h30 para me arrumar e chegar lá às 7h. Minha filhinha de quatro anos e meu marido, meus incentivadores maiores, acordaram junto para torcer por mim lá.
Ao chegar lá, encontrei-me com uma amiga que correria a prova também. Foi chegando a hora, e eu me direcionei à faixa de largada dos corredores que fariam os 5km em mais de 40 minutos. Ou seja, o último pelotão. Mas tudo bem. Ali o meu objetivo era chegar ao final da prova, ainda que tivesse que andar um pouco no meio do caminho.
Foi dada a largada, e eu passei a acompanhar essa minha amiga, que corre já há algum tempo. Além disso, a tal adrenalina da corrida é algo inexplicável mesmo. Placa do km 1, placa de km 2, placa de km 3… Quando eu pensei em começar a caminhar, as corredoras que já vinham do outro lado da pista gritavam “uhuuuuu, vamo, vamo, vamo!!! Não pára!!!” Em seguida, um cara da organização “vambora, vambora!!!”. Eu fui e, quando percebi, estava perto do km 4.
Quando tive de novo uma vontadezinha de caminhar, imaginei que minha filha e meu marido estariam me esperando logo ali na frente, e seria uma decepção para eles me ver andando. Continuei correndo. Quando percebi, estava entrando no Jockey (a chegada aconteceria ali dentro).
Mais um pouco e eu vi o painel de chegada. Nesse momento, de verdade, fiquei toda arrepiada! Corri tranquilamente os metros que faltavam e, acreditem, completei os 5 km em 35’03”!! Eu chorei sim. Pode parecer exagero, mas foi pra mim uma grande conquista pessoal. A prova de que, quando estamos determinados, conseguimos aquilo a que nos propomos. E você, está sentado aí ainda? Bora correr!!!”
PS: Como você pode perceber, a história de Fernanda bateu todos os recordes nacionais e internacionais de número de comnetários neste blog. Há muitos elogios, algumas críticas ou desafios e várias histórias semelhantes. Agradeço a participação de todos e deixo com você uma resposta de Fernanda a esse sensacional leitorado: “Se eu já tinha uma sensação deliciosa de vitória pela história que contei aqui, hoje ela se multiplicou. Os motivos? De um lado, saber que consegui de alguma forma animar muita gente a começar a cuidar da saúde, se exercitar, correr. De outro, receber uma dose extra de motivação dos que já correm, dos que têm histórias semelhantes e daqueles que simplesmente se orgulharam de mim pela minha conquista. Obrigada a cada um de vocês!!! E até qualquer corrida!”.
Fernanda!!! é você mesma MULHER!!
Parabéns pela determinação ,te encontrei aqui pesquisando seu nome no google ,pois gosto de conhecer os clientes ,quando possível , para que eu possa atendê-los melhor.
Sabe que eu também FAZIA corrida ,mas depois que o Joãozinho nasceu ,encontrei uma desculpa para parar , mas já estou pensando em voltar..
Forte abraço.. Wagner (corretor de imóveis)
parabéns!!! Sem dúvida, a prova de que qdo queremos, se esforçamos, conseguimos!
Continuando as perguntas que não calam: posso continuar correndo com peso acima da média? E meus joelhos? Vão sofrer muito com o impacto? O que diria seu ortopedista? Ou os ortopedistas que você entrevista? Lembrei disso porque vi um vídeo seu, no qual você corria acompanhado de um ortopedista, fazendo o percurso novo da São Silvestre. E fiquei com essas dúvidas por conta do meu peso extra. Bueno, gracias. Amanhã é dia de musculação e sexta de correr. Abraços e força para as gordinhas!!!! Bora correr!
ROdolfo, aproveitando esse sensacional post, vamos ao contexto, em primeiro lugar, para depois lançar a pergunta que não cala. Seguinte: estou bem acima do peso, com 94 kg e meço 1,70. Há um ano faço musculação. Desde maio, três vezes por semana, com fortalecimento para as pernas, joelhos, braços etc. Uso caneleiras de cinco quilos e levanto como se fosse manteiga (HORA de trocar para 6 kg em cada perna). Duas a tres vezes por semana, caminho 6 km em uma hora. Já iniciei programa de corrida e cheguei a correr 3,5 km. Ontem corri 2 km e hoje 2,4 km, quando te encontrei na Sumaré. Bom, terminado o contexto, vamos à pergunta: com esse peso, posso continuar correndo para chegar a 5 km? Ou é melhor perder peso primeiro? Detalhe, estou com 51, anos, na menopausa e sem reposição hormonal. Ou seja, está difícil pracas perder peso, mesmo com dieta equilibrada. E perco poucos kg em um mês. Só dois.
Vou mandar suas perguntas para um ortopedista. Abs e boas corridas
Parabéns. Relato emocianante. Continue assim. Não ligue para os comentários maldosos. Mude a cabeça de uma pessoa gorda para magra e nunca mais terá este problema!
CORRIDA A COMIDA VOLTARA A ACONTECER
Outro comentário invejoso. Desculpe, não costumo fazer isso, mas essas pessoas são é invejosas.
Concordo com o Eugenio. Que comentários absurdos são estes!
Eu fiz a cirurgia de estômago tb em 2008, perdi 50 quilos e um ano depois já corria.
Hj com quase 3 anos de corridas de rua no currículo (já são quase 50), inúmeras Meias Maratonas e provas de 25k, vc muda seu estilo de vida.
Hoje sou magra, adepta radical de esportes (nado, malho com personal 3 vezes semana, ando de bicicleta, tenho acompanhamento com nutricionista esportiva) e ler um absurdo deste me deixa chocada.
Parabéns Eugenio por não se deixar levar por estes comentários invejosos.
Lamento, querida mas esse entusiasmo não dura muito e depois v. voltará a comer ainda mais.COMER, n correr é o seu destino.
Discordo totalmente de você. Estou correndo desde 2008 e se conseguir, acho que vou correr até morrer.
Sinto talvez é inveja de sua parte
Show de bola! Parabéns e que rolem muitas outras corridas para a Fernanda.
Me diga Fernanda qual a diferença entre a força para emagrecer de cabeça erguida(sem cirurgia) e conseguir correr 5 km?nenhuma,mas para uma voce teve sucesso e para outra nao!porque?
Bacana Fernanda, parabens; bem vinda ao clube.
Parabéns, vou seguir os seu conselhos e mudar de vida….novamente parabéns pelas conquistas e pela determinação.
Com todo o respeito, é nítida a melhora na aparência dela. Certamente a saúde dela também está muito melhor.
Fernanda com todo respeito e a permissão do marido, você esta uma gata! Parabéns e continue a correr sempre que é tudo de bom. Um abraço!
Parabéns Fernanda pela sua determinação. Quando comecei ler a reportagem ri muito, porque eu também penso da mesma forma “como esse povo pode acordar tão cedo para correr”.
Iniciei meu programa de caminhada, mas estou muito lenta ainda … espero chegar a correr um dia e atingir um objetivo como o seu. Sucesso para você.
Parabéns Fernanda, que seja a primeira de muitas medalhas. Como dica, procure orientação de um profissional da área.
Parabéns! Sim quando estamos determinados conseguimos aquilo a que nos propomos em todas as áreas da vida.
Sucesso em suas corridas.
Parabéns, e que sejam os primeiros 5km de muitos outros!
Parabéns, Fernanda!
É demostrações assim que nos fazem crer que podemos fazer o mesmo!