Jovem palestino treina firme para Jogos de Londres
16/02/12 12:48As ruas semidestruídas da Faixa de Gaza, também elas vítimas de conflitos entre militantes palestinos e o Exército de Israel, são o palco dos treinos do jovem Bahaa al-Farra. Com apenas 19 anos, o velocista sonha em carregar a bandeira da Palestina na abertura dos Jogos de Londres-2012. Para isso, treina duro todos os dias nas ruas poeirentas, na pobre pista do estádio Yarmouk e na praia (no alto), usando tênis já gastos, doados à Palestina pelo Comitê Olímpico do Catar.
O país, que luta pelo reconhecimento das Nações Unidos, foi pela primeira vez a uma Olimpíada em Atlanta-1996, quando conseguiu mandar apenas um atleta. A delegação dobrou em Sydney-2000, três foram a Atenas-2004 e quatro –dois corredores e dois nadadaores– estiveram em Pequim-2008.
Agora, novamente quatro atletas palestin os devem participar dos Jogos. Além de Farra, vão dizer presente a corredora Worood Maslaha (foto abaixo) e dois nadadores. Nem todos vivem na Faixa de Gaza. A ideia, segundo um diirigente esportivo, é enviar representantes dos vários locais onde vivem palestinos, no Oriente Médio e espalhados pelo mundo.
Farra, que vai disputar os 400 metros, não contém a emoção ao falar sobre os Jogos para a Reuters: “Vai ser lindo representar a Palestina. Claro que eu sonho com uma medalha. Espero levar a bandeira de meu país e mostrar para o mundo que nós existimos, apesar das dificuldades”.
De fato, será mais uma demonstração política. Seu melhor tempo é de apenas 49s04, mais de três segundos mais lento que o índice B para a qualificação. A marca foi obtida no Mundial de Daegu, quando acabou no 34º lugar entre 37 contendores.
O técnico de Farra, Majed Abu Maraheel, 48, que foi o primeiro palestino em Jogos Olímpicos (correu os 10.000 m em Atlanta), não esquenta a cabeça com isso. “Ele ainda é muito jovem e cheio de energia. No futuro, queremos ter mais do que uma participação simbólica na Olimpíada, mas precisamos de toda a ajuda possível”.
E de paz. Abu Maraheel (acima, com seu pupilo) ainda guarda os tênis que usou em Atlanta, uma das poucas posses que conseguiu salvar quando sua casa foi destruída em um bombardeio israelense. “A casa foi atingida, mas nós conseguimos escapar e eu levei comigo meus tênis…”
De qualquer forma, também ele afirma que a participação em Londres-2012 vai muito além de uma demonstração esportiva: “Queremos mostrar ao mundo, na linguagem esportiva, que todos entendem, que o povo palestino existe”.
Fotos Reuters